segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Boletim do SINPRO

NADA SERÁ COMO ANTES


Neste momento de reconstrução de Nova Friburgo após a tragédia de janeiro, fazemos coro com as ideias expressas pelo Prof. Sebastião Guerra no belo texto “A Lua cresce no céu de Friburgo”, que correu mundo através da internet: não queremos voltar à “normalidade”. Como bem disse Tião, “o normal de antes tinha muito pouco tempo para solidariedade, para servir ao outro acima de tudo”. A “normalidade” nos remete à sociedade do individualismo possessivo, do cada um por si, da competição e do Deus Mercado. É hora de pensarmos a reorganização de nossa cidade (e do nosso país) em novas bases, com muita participação popular nas decisões e planejamento, para evitar futuras catástrofes.


O Sinpro de Nova Friburgo e Região tem participado ativamente das atividades promovidas pelo Forum do Movimento Sindical e Popular, que se propõe a representar os interesses e necessidades dos trabalhadores friburguenses neste processo de construção. É preciso não deixar esquecer a responsabilidade de sucessivos governos municipais e estaduais, que permitiram a ocupação desordenada de encostas, margens de rios e outros espaços impróprios, nada fazendo para evitar novas tragédias, mesmo após as grandes enchentes e desabamentos de 1979, 1996 e 2007. O movimento sindical e popular de Nova Friburgo entende que os trabalhadores e moradores das áreas devastadas pelas chuvas não podem ficar à margem da tomada de decisões. Somente a mobilização dos trabalhadores e das populações atingidas pela tragédia pode garantir que não se repita aqui o que acontece Brasil afora, com as pessoas voltando a construir nos locais de risco, por absoluta inação do poder público.


As principais reivindicações do Forum, já apresentadas em audiências com o Prefeito, o Vice-Governador do Estado e o Ministro do Trabalho, são: estabilidade no emprego para todos os trabalhadores cujas empresas receberão ajuda estatal; não às demissões, ao corte de salários e ao desrespeito aos direitos trabalhistas e sociais; vagas nos hotéis da cidade para os desabrigados; isenção de impostos, taxas e tarifas e linha de crédito especial a fundo perdido para as pessoas atingidas pela tragédia; transparência total na destinação das verbas públicas; construção de moradias populares em áreas seguras e com dignas condições de vida (infraestrutura, saúde, educação, transporte), dando preferência à desapropriação de terrenos em áreas já urbanizadas, para permitir manter as populações em seus bairros de origem; garantia da participação popular na tomada de decisões sobre as políticas públicas a serem adotadas daqui para diante; plano permanente de preservação ambiental, na contramão da lógica capitalista destruidora.


AGRADECIMENTO

Dentre as inúmeras manifestações de solidariedade aos friburguenses, o Sinpro de Nova Friburgo e Região agradece, em especial, a ajuda financeira enviada pela CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) e pelo Sinpro-Rio, que depositaram, respectivamente, R$ 20 mil e R$ 4 mil, para que sejam usados, com prioridade, no socorro a colegas professores diretamente atingidos pela tragédia.

HOMENAGEM ESPECIAL

O Sinpro de Nova Friburgo e Região presta aqui homenagem às famílias que perderam seus entes queridos na catástrofe. Lamentamos em especial a perda da querida colega Cristiane Araújo, professora do C.E. Zélia Cortes e do CNSD, filiada ao nosso sindicato. Sentiremos saudades da competente e dedicada profissional, grande figura humana, de extrema delicadeza e simplicidade. Nosso adeus emocionado.

TODA TERÇA ÀS 17h: REUNIÃO DO FORUM DO MOVIMENTO SINDICAL E POPULAR NA SEDE DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NO VESTUÁRIO
(Av. Alberto Braune, nº 04 – 1º andar) PARTICIPE!




ESCOLINHAS PARTICULARES TIRAM O COURO DO PROFESSOR


Muitas das escolas particulares de Nova Friburgo têm aproveitado o momento pós-tragédia, ao invés de tentar desenvolver algum tipo de acolhimento especial a professores, funcionários e alunos, respeitando os sentimentos e as dores sofridas por todos, forçaram o retorno das aulas e ainda fizeram veladas ameaças de desemprego. Ouviu-se de uma diretora de associação dedicada à assistência à criança com necessidades especiais a seguinte frase: “Nesta hora de dificuldades, quem não meter a mão na lama vai perder o emprego”. Para não perder verbas e doações, abriu a entidade, mesmo com a rua de acesso cheia de lama e sem ter feito a devida higienização no prédio, incluindo a caixa d’água. O mesmo ocorreu em outra instituição dedicada aos mesmos objetivos, onde professores e funcionários queixam-se dos frequentes desmandos do diretor local, muito amável para com visitantes e doadores, mas extremamente autoritário e cruel com seus empregados e até mesmo com as crianças.


ASSÉDIO MORAL

Atitudes como constrangimento, coação e abuso de poder caracterizam claramente assédio moral no ambiente de trabalho. A prática é reconhecida por diversos órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS), que a define como “o uso deliberado de força e poder contra uma pessoa, grupo ou comunidade que causa danos físicos, mentais e morais através de poder ou força psicológica, gerando uma atitude discriminatória e humilhante”. O assédio moral é visto como um problema de saúde pública e um dos novos riscos no mundo do trabalho - devido ao alto índice de suicídios. A FETEERJ (Federação dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino do Estado) possui um departamento jurídico pronto a atender casos como esse, mas é preciso que os profissionais que sofrem tais práticas encaminhem a denúncia ao Sindicato. Assédio moral é crime! Professor, denuncie!!

ATAQUE AOS DIREITOS TRABALHISTAS E DESRESPEITO AO ACORDO COLETIVO

O Sinpro de Nova Friburgo e Região continua recebendo denúncias dos ataques sistemáticos aos direitos trabalhistas e ao Acordo Coletivo da categoria. Quem mais sofre com estes desmandos são os profissionais da Educação Infantil e das primeiras séries do Ensino Fundamental, por serem obrigados a se submeter a jornadas de trabalho mais longas e viverem todo o tempo sob o tacão do dono da escola e de seus prepostos imediatos. Além de receberem baixos salários – em que pesem as sucessivas tentativas do Sinpro de aumentar o piso deste segmento nas negociações com o SINEPE (sempre negadas), não têm direito sequer a um intervalo para descanso, lanche ou ida a banheiro. As escolas desrespeitam há muito uma das cláusulas do nosso Acordo Coletivo, que diz o seguinte: “Após três aulas consecutivas, é obrigatório um intervalo para descanso com a duração de 15 minutos.” Sabemos do caso tragicômico de uma professora que, para poder fazer xixi, teve que botar as crianças para brincar de pique-esconde. Enquanto elas brincavam, a professora também se “escondia” no banheiro da sala de aula.

Estas mesmas escolinhas também vêm ameaçando com demissão os professores e professoras que não se adaptarem aos “novos tempos” de dificuldade após a tragédia. Tem um dono de escola que convocou para o retorno ao trabalho no dia 16/02 e agora ameaça cortar metade do salário do mês dizendo que o dia de retorno era 02 de fevereiro. Não pense este senhor (que ocupa posição de destaque no sindicato patronal) que fará isso sem a reação do Sinpro! Estamos de olho.

SOLIDARIEDADE, APLAUSOS E CRÍTICAS

Nossa solidariedade às escolas que foram diretamente atingidas pela tragédia e que buscam recuperar seus espaços sem constranger seus comandados, conquistando, assim, o apoio espontâneo do professorado e da comunidade escolar. Nossos aplausos às instituições de ensino que abriram de imediato as portas para prestar ajuda aos atingidos pela tragédia e que tiveram papel destacado na solidariedade ativa à população friburguense. Nota zero às escolas que, mesmo sem ter prejuízos com o acontecido, se fingiram de mortas e deixaram de oferecer suas dependências para o auxílio à população.

PROFESSOR: CUIDE DOS SEUS DIREITOS. DENUNCIE A ESCOLA QUE DESRESPEITAR CLÁUSULAS DO ACORDO!

NENHUM DIREITO A MENOS! AVANÇAR NAS CONQUISTAS!