quinta-feira, 14 de abril de 2011

Três meses após tragédia, nada mudou!

600 vão às ruas em ato público convocado pelo Forum Sindical e Popular.


Nesta terça, dia 12 de abril, passados três meses da tragédia que abalou a Região Serrana do Rio, centenas de trabalhadores e moradores dos bairros atingidos pela catástrofe participaram da mobilização organizada pelo Forum Sindical e Popular de Nova Friburgo, que congrega os sindicatos, associações de moradores, entidades representativas de movimentos sociais e culturais, além dos partidos PCB, PSOL, PSTU, PT e PDT, da Intersindical, da CSP/Conlutas e da CUT.

Do ato público, realizado na Praça Dermeval Barbosa Moreira, seguido de passeata pela Av. Alberto Braune e concluído em frente à Prefeitura de Nova Friburgo, também participaram a CTB, militantes de outos partidos e de inúmeras entidades populares. Mas o ponto alto da manifestação foi a disposição e a garra da população trabalhadora, que não teve receio de usar o microfone para denunciar a situação de descalabro a que continuam submetidos os moradores de vários dos bairros atingidos, onde a lama, as pedras soltas dos barrancos, os destroços das casas destruídas, a falta de água, energia e telefonia ainda são a triste realidade. Populares não economizaram palavras nas críticas ao Prefeito, ao Governador e à Presidente da República, que muito prometeram e pouco fizeram para a reconstrução da cidade. Milhares de pessoas continuam desabrigadas, nenhum projeto de construção de casas populares saiu do papel, e o aluguel social não foi liberado para todos os necessitados.

Manifestantes exigem punição dos responsáveis por ocupação irregular e reconstrução em novas bases

A manifestação contou com a ativa participação dos diretores do Sinpro de Nova Friburgo, da Associação de Docentes e de estudantes da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia. Eleitos pelas entidades para a Comissão Organizadora do ato e para a comitiva que se reuniu com o Prefeito após a passeata, os diretores do SEPE Sidney Moura e Luiz Salarini cobraram dos governos as ações necessárias e urgentes para tirar a cidade do caos que ainda se encontra, pois, a cada nova chuva mais forte, os bueiros entupidos deixam as ruas alagadas, o trânsito para totalmente, e os moradores não dormem com medo de que os morros desbarrancados provoquem outra tragédia. Falando pelo Sinpro de Nova Friburgo e Região e pela Associação de Docentes da FFSD, o professor Ricardo Costa (Rico) exigiu a punição dos governantes responsáveis pelo processo de crescimento desordenado da cidade e de ocupação irregular dos morros e encostas, estimulado, nos últimos anos, pela especulação imobiliária e pela facilidade encontrada na instalação de loteamentos, com aval de secretários municipais, "os quais continuam ocupando cargos na Prefeitura, como se nada fosse com eles". O estudante de História da FFSD Alex Fonte questionou a tentativa de criminalização da população pobre pelas autoridades, que acabam jogando a culpa pela ocupação desordenada do solo nas costas da população que não encontra alternativas dignas de moradia, pela ausência de programas de habitação popular e pelo crescimento sem freio da cidade, na ânsia de atender os interesses dos capitalistas.

14 representantes de associações de moradores e 4 dirigentes sindicais (Sidney Moura, Edil Nunes, Luiz Salarini e Gilson dos Têxteis) foram recebidos pelo Prefeito em exercício Dermeval Neto, que repetiu a ladainha de que o governo municipal tem feito todos os esforços no sentido de recuperar a cidade. Mas os moradores de Friburgo deram provas cabais na manifestação de não mais aceitarem desculpas esfarrapadas e falsas promessas.

Por isso mesmo o Forum Sindical e Popular continua se reunindo toda semana, às terças-feiras, 17h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores no Vestuário (Av. Alberto Braune, 4 - 1º andar - Centro de Nova Friburgo/RJ) e convocará novas manifestações até que os trabalhadores e moradores de Nova Friburgo consigam ver atendidas suas necessidades.