segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Seminário da Verdade e Justiça de Friburgo: Juventude comparece em peso!

No ano que marca os cinquenta anos do golpe civil-militar no Brasil, ocorreu o primeiro evento de uma série de atividades sobre o tema em Nova Friburgo. Para além de um maior conhecimento sobre o fato, a intenção do COLETIVO DE VERDADE, MEMÓRIA E JUSTIÇA DE NOVA FRIBURGO, que conta com a participação do Sinpro de Nova Friburgo Região, dos partidos de esquerda e movimentos populares, é promover reflexões que resgatem o período histórico da ditadura no país, a fim de que o entulho autoritário, representado nas práticas ainda vigentes de tortura nas prisões brasileiras e de repressão aos movimentos sociais, seja enfim banido do nosso país.

O Seminário "VERDADE, MEMÓRIA E JUSTIÇA", realizado na Câmara Municipal de Nova Friburgo no último dia 22 de fevereiro, contou com a presença dos professores João Raimundo de Araújo e Ricardo Costa. Este último coordenou o evento e lembrou acerca da importância da criação da Comissão Municpal da Verdade, para apuração dos acontecimentos relativos ao período ditatorial na cidade, onde, por meio de um conluio entre o empresariado local (representado na figura do Engº Heródoto Bento de Melo) e do Sanatório Naval, o então prefeito Vanor Tassara Moreira foi forçado a renunciar e o Vereador comunista Francisco Bravo foi cassado, além de outros casos de perseguição política.

O plenário da Câmara Municipal ficou lotado com a presença de jovens estudantes da Escola Fribourg (cujos professores levaram todo o ensino médio) e de outros colégios e universidades de Nova Friburgo. Cerca de duzentas pessoas compareceram ao evento.

Também participaram da mesa dos trabalhos o advogado Aderson Bussinger, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ e Modesto da Silveira, membro da Comissão Ética da Presidência da República, advogado que mais defendeu presos políticos na época da ditadura. Representando a Comissão Estadual da Verdade, compareceu o histórico sindicalista Geraldo Cândido.

Os palestrantes falaram sobre o regime militar e as formas de repressão empreendidas na época, onde toda e qualquer militância era punida com sequestros, prisões, tortura, exílio ou morte. As falas de Modesto da Silveira e Geraldo Cândido foram muito emocionadas e emocionantes, pois ambos foram extremamente perseguidos no período. Aderson falou sobre os trabalhos da Comissão da Verdade, conquistas e desafios de quem trabalha pela memória, e defendeu a necessidade de revisão da Lei de Anistia, que não permite punição a quem torturou e matou em nome da ditadura. Também foram apresentadas propostas de mudança de nomes de vias e prédios públicos (como a Av. Presidente Costa e Silva e o pavilhão Emílio Garrastazu Médici, da feira da vila Amélia)

Ainda participaram com depoimentos os militantes políticos Sérgio El-Jaick e Ivaldeck Barreto, que testemunharam sobre a ação da ditadura em Friburgo, o professor de Direito André Melo, representando o vereador Cláudio Damião e o professor Bruno Calderaro, com uma fala que desmente o que se propaga costumeiramente: que na Ditadura não havia corrupção, contando um caso em que viveu enquanto diretor do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo.

É luta que segue. Este foi o primeiro de muitos eventos que acontecerão em Nova Friburgo, para que não se apague da memória e da História o ocorreu entre 1964 e 1985. A pressão é para que Nova Friburgo tenha sua própria Comissão, criada através de projeto de lei na Câmara Municipal, com o propósito de investigar a participação de militares, políticos e empresários locais na perseguição a militantes políticos e que ajudaram a escrever essa página infeliz de nossa História.

Fica o convite para a próxima atividade: reunião do Coletivo da Memória, Verdade e Justiça de Nova Friburgo, no dia 11/03 (terça) às 19h na sede do Sindicato dos Vestuários (Av. Alberto Braune, 04, 1º andar).

Vejam mais fotos do evento: