No primeiro dia, à noite, sob mediação do professor Ricardo Costa (Rico), diretor do Sinpro e da Associação de Docentes da FFSD, ocorreu a mesa redonda com os professores Pierre da Silva Moraes (diretor do Sinpro e vereador do PDT) e Bertha Reis do Valle (Educação da UERJ e da FFSD). A Profª Bertha fez um breve histórico do movimento sindical na área do magistério, tanto no setor privado quanto no público. Discorreu acerca de suas experiências de luta nos anos 1980, quando o movimento sindical brasileiro emergiu com força das batalhas contra a ditadura e influiu decisivamente no texto da Constituição de 1988, a qual consagrou em lei, graças à pressão exercida pelos trabalhadores organizados, uma série de conquistas sociais e direitos trabalhistas. Lamentou que, dos anos 1990 para cá, tenha havido um descenso do movimento, a que atribuiu vários fatores, dentre os quais o fato de as novas gerações de profissionais da educação não terem vivenciado aquelas experiências de lutas e de conquistas e por isso, talvez, não compreendam da mesma forma a importância da participação coletiva e da construção dos sindicatos. Afirmou que é filiada a quatro sindicatos: o SEPE-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, que resultou da fusão de três associações sindicais nos anos 1970), o Sinpro-Rio (Sindicato dos Professores das escolas particulares da Cidade do Rio, que foi fundado nos anos 1930), o ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das universidades públicas, por sua participação na Associação de Docentes da UERJ) e o Sinpro de Nova Friburgo e Região (pois também é filiada à Associação de Docentes da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia). Em sua fala, relatou um pouco da história de cada um destes sindicatos e movimento na área do magistério.
O Vereador Professor Pierre, por sua vez, destacou a sua participação e da Professora Bertha na Conferência Nacional de Educação (CONAE), desde as etapas municipal (no Colégio Estadual Jamil El-Jaick, em Friburgo), intermunicipal (na Faculdade Santa Dorotéia, também em Friburgo) e estadual (no Rio de Janeiro), no ano passado, até a etapa nacional, em Brasília, em abril deste ano. Os dois foram eleitos delegados, na Conferência Estadual, à Conferência Nacional, onde algumas das propostas saídas dos conferencistas em Nova Friburgo foram incorporadas ao texto final da CONAE. Considerou um grande avanço o resultado final dos debates na CONAE, com destaque para os textos relativos à valorização e à formação continuada dos profissionais de ensino, à gestão democrática das escolas e ao financiamento da educação, os quais incluíram reivindicações de profundo caráter democrático (como a eleição direta para diretores das escolas e a rejeição à nomeação de representantes do Executivo para a presidência dos conselhos de Educação) e no sentido de garantir melhores salários e condições de trabalho aos trabalhadores e trabalhadoras do setor. Alertou, no entanto, para a necessidade de uma grande mobilização popular para a aprovação do Plano no Congresso, evitando que seja desfigurado pela bancada de deputados privatistas e pelo lobby organizado pelos empresários da educação, interessados em consolidar o processo em curso no país de mercantilização do ensino.
Após as falas dos palestrantes, foi aberta a palavra para os presentes, e o Prof. Francisco Perez Levy, diretor do Sinpro de Nova Friburgo e Região, interveio chamando a atenção de todos para o processo de privatização do sistema educacional brasileiro, com destaque para o ensino superior, onde cada vez mais se atendem as necessidades das empresas e do mercado capitalista e deixa-se de atender as demandas das camadas populares. Hoje o setor privado é absolutamente soberano no ensino superior, revertendo o quadro de maior presença das universidades públicas, antes dos anos 1980: 90% das instituições são privadas. O Prof. Rico complementou a fala do companheiro de sindicato, alertando para o processo de desnacionalização em curso, devido às fusões e incorporações de empresas educacionais brasileiras a multinacionais do ensino. O Prof. Levy lembrou que, recentemente, o grupo editorial britânico Pearson, dono do jornal Financial Times e da revista The Economist, comprou a gráfica e a distribuição de materiais didáticos do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), com sede em São Paulo. Outros grandes grupos educacionais, como a Estácio de Sá S/A, também procuram compradores para suas ações. Verifica-se, assim, a formação de grandes conglomerados nacionais e internacionais e uma “corrida de gigantes” para o controle da educação brasileira.
A Profª Lígia Maria Carreteiro, diretora do Sinpro de Niterói e da FETEERJ (Federação de Trabalhadores nos Estabelecimentos de Educação do Estado), o Prof. Sidney Moura (Coordenador do SEPE de Nova Friburgo) e o aluno de História Hugo Moreno (diretor do DCE Mário Prata da FFSD) contribuíram para o debate apresentando novos dados do processo de transformação da educação em mercadoria no Estado e no país, além de terem saudado o Congresso do Sinpro, considerando-o um momento fundamental para avançar na luta em favor da educação de qualidade e em defesa dos direitos dos trabalhadores. Também compareceu ao evento o companheiro Grossi, diretor da FETEERJ.
No dia 18 (sábado), pela manhã, diretores do Sinpro e professores da base reuniram-se para ouvir a explanação da Professora Lígia Maria Carreteiro (FETEERJ) sobre seu trabalho dedicado à educação infantil em Niterói e suas experiências de luta à frente do Sinpro de Niterói, onde a maioria dos professores filiados é composta de profissionais da educação infantil, em decorrência das mobilizações organizadas pelo sindicato contra a superexploração sofrida por este setor. A Professora Érika Guimarães, também profissional da educação infantil em Nova Friburgo , secretária do Conselho Municipal de Educação, esclareceu a respeito do funcionamento do Conselho em Nova Friburgo , que sempre contou com uma participação ativa de representantes do Sinpro. Destacou as deliberações do CME voltadas à educação infantil e informou que a função de fiscalização das escolas particulares será objeto de especial atenção da parte dos conselheiros. Após as palestras de Lígia e Érika, foi aberto o debate sobre o tema e sobre a atuação do sindicato em Nova Friburgo e Região.
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