O estopim desta campanha de ódio foi o discurso por ele proferido no Congresso Nacional da Central Sindical e Popular Conlutas, em junho deste ano, quando encerrou sua fala citando o poema de Bertolt Brecht “Perguntas a um bom homem”, usando-o como metáfora para afirmar que não há conciliação de classe ou diálogo possível com os grupos conservadores e de direita. A reação extremada de tais grupos só fez confirmar o sentido de suas palavras e do poema de Brecht.
A solidariedade que prestamos reflete ainda a preocupação em garantir que as limitadas liberdades democráticas conquistadas com o fim da ditadura imposta no país a partir do golpe de Estado de 1964 não sejam ameaçadas por aqueles que se dizem saudosos dos tempos de exceção, em que foram práticas comuns a perseguição política e ideológica, a censura, a tortura e todo tipo de crime contra a humanidade. É preciso continuar lutando pela ampliação dos direitos individuais, sociais e trabalhistas e pelos espaços de participação popular em nossa sociedade.
É preciso reagir a esses ataques como se eles fossem dirigidos a todos nós, pois, como alerta Eduardo Alves da Costa, em seu poema “No Caminho com Maiakóvski”:
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.